sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Larissa Maciel, uma grande Maysa

a atriz Larissa Maciel, entre o autor Manoel Carlos (esq.) e o diretor Jayme Monjardim (dir.) de "Maysa"

Obs: como o título do blog fala em "telas", tomei a liberdade de postar um comentário meu sobre recente produção feita para a TV, que em seguida certamente deverá estar disponível em DVD, também - numa indicação, ao menos para mim, que o importante é o resultado final, e não o suporte para o qual se pensou o produto.

Na minissérie Maysa - Quando Fala o Coração, que a TV Globo exibiu de 5 a 16 de janeiro, a atriz gaúcha Larissa Maciel deu o tom exato na interpretação de cada cena - irônica quando tinha que ser, arrebatada quando a cena exigia, e até conseguindo se mostrar irritada sem cair na histeria, algo pouco comum na televisão brasileira. Curiosamente, boa parte dos elogios que ouvi sobre Larissa nesse papel remetiam à semelhança física que ela teria com Maysa - e que as fotos originais da cantora, exibidas no final do último capítulo, mostraram ser um equívoco. A semelhança esteve na persona que Larissa compôs, a partir do roteiro e de sua pesquisa sobre a cantora, e que traduziram à perfeição a trajetória de vida e de carreira da autora de "Ouça".

A qualidade do trabalho de Larissa não foi surpresa para mim, pois a conheço desde 1998, quando a vi numa ponta que fez como uma jornalista em O Barão nas Árvores, peça dirigida por Roberto Oliveira a partir da obra de Ítalo Calvino, e que era feita literalmente nas árvores do Parque da Redenção. No ano seguinte, ela chamou a atenção do meio teatral porto-alegrense ao interpretar a Juju em O Menino Maluquinho 2000, peça infantil adaptada do livro de Ziraldo com direção de Adriane Mottola, e que assisti várias vezes (inclusive numa sessão especial para que Ziraldo conhecesse a montagem, durante a Feira do Livro de Porto Alegre, em novembro de 1999). Viver Maysa certamente foi a abertura para o mercado nacional que Larissa já merecia há tempo.

O que me surpreendeu mesmo em Maysa foi a qualidade do texto de Manoel Carlos! Não havia nas cenas de Maysa nem sombra da forma como quase sempre encerravam as cenas de novelas suas como Páginas da Vida (2006-07), sempre com alguém gritando com ou batendo em alguém (claro, havia brigas e gritos em Maysa, mas só quando necessário) - o que recheia os capítulos da histeria da qual felizmente Larissa nem cogitou. Talvez Manoel devesse se dedicar mais às histórias curtas; sua minissérie anterior, Presença de Anita (2001), também foi bem acima da média de suas novelas. Uma excelente opção foi não seguir totalmente uma cronologia: as cenas se sucediam por associações de lembranças, e os dois primeiros capítulos, em especial, foram muito soltos nesse aspecto (até com um certo exagero no segundo); do terceiro em diante, reconhecia-se uma "âncora temporal" fixa (iniciada por volta de 1960, com a crise no casamento da cantora, e avançando até sua morte), com a diminuição das "viagens no tempo". Mas, mesmo assim, uma ousadia em narração de TV aberta; as oscilações temporais do primeiro capítulo são raras até em cinema experimental!

Creio que parte da qualidade do texto veio do fato de Ângela Chaves co-escrever o roteiro com Manoel Carlos. Se Manoel conviveu com Maysa na TV Record nos anos 1950, Ângela foi a organizadora, junto com Luís Carlos Maciel, do livro Eles e Eu, escrito a partir de depoimentos de Ronaldo Bôscoli e lançado uma semana antes de sua morte, em 1994. Embora não houvesse crédito a Eles e Eu nos letreiros finais da minissérie, frases e até seqüências inteiras da "fase Ronaldo" da história saíram de suas páginas (e também de Chega de Saudade, de Ruy Castro).

Na parte musical, louvo a opção de usar as gravações originais, e também o empenho de Larissa em dar a interpretação mais adequada possível, mesmo nas canções em língua estrangeira. Na primeira semana, porém, por maior que fosse o apuro técnico, algo não me convencia nas cenas com Maysa cantando, o que cheguei a atribur ao fato de eu já conhecer Larissa; já na segunda semana, estas cenas também estiveram soberbas.

O restante do elenco também esteve muito bem, com destaque a Mateus Solano como Ronaldo Bôscoli. O ponto fraco foi, a meu ver, a idéia de usar os filhos do diretor Jayme Monjardim (André e Jayme Matarazzo), fazendo o papel do próprio pai. Admiro a coragem de Monjardim em centrar boa parte da narrativa na relação conflituada que teve com Maysa, sua mãe - certamente isso não ocorreria a nenhum outro diretor que não fosse filho da cantora, e com certeza contribuiu para enriquecer o resultado final. Mas se o papel era tão importante, por que não escalar atores para vivê-lo?

(Fabio Gomes)

3 comentários:

  1. E "Maysa" vai para as telonas do Cinema, segundo consta! Que beleza de matéria, Fábio!!!!!! abração!!!! telas são isso aí, das minúsculas do You Tube, à TV, ao Home Theater até à sala escura, e ao IMAX! hehehehe

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  2. Adoro a Lari!!! Ela é uma ótima atriz!!
    Meu sonho é conhece-la!!!E ela vai desfilar aqui no natal em Brasília é?Que bom!É uma chance pra mim conhece-la!!!
    Bjssssss

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  3. Eiiiiiii!!!Meu nome nao eh Nivia!!Por que apareceu Nivea?Meu nome é Gabriela Amaral Arouche!!
    Bjsssssss

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