sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

AUDREY E WYLER DE NOVO!!!!


William Wyler e Audrey Hepburn (na foto)

Que ela tenha ganhado em 2009 o título de "a mais bela do Cinema", isso nos foi noticiado pela Efe, em Paris. Os leitores-eleitores da "Vogue", um total de 2000, todos cinéfilos (puxa!) votaram na moça. Nem vamos falar da imensidão de mulher bonita que ficou atrás porque o assunto aqui é AUDREY HEPBURN.

Mais do que isso. O assunto aqui também é WILLIAM WYLER, o diretor de "Ben-Hur" e "A Princesa e o Plebeu" (Roman Holiday), ou seja, esse gigante do cinema sempre fez o certo, contrabalançou superproduções com filmes de tamanho menor, não porém sem o mesmo impacto. E os dois, diretor e atriz (ambos na foto acima), trabalharam juntos em "A Princesa e o Plebeu", de 1953, a descoberta dela pelos americanos e pelo Oscar.



Eles retornariam a trabalhar num filme de 1961, com roteiro (baseado em peça homônima) da escritora americana Lilian Hellmann, que é "THE CHILDREN'S HOUR", um filme menos comentado.


Audrey Hepburn, James Garner e Shirley McLaine em THE CHILDREN'S HOUR


Neste filme, um drama com conseqüências intransponíveis para os personagens, está perfeitamente inserido em seu tempo (os anos 60 apresentaram para os EUA uma série de dilemas morais ou raciais) e aqui duas professoras, Martha (Shirley McLaine, aqui recém-saída do "Se Meu Apartamento Falasse", de Billy Wilder) e Karen (Audrey Hepburn, no mesmo ano em que viraria ícone com "Bonequinha de Luxo", de Blake Edwards) são colocadas à prova graças a uma mentira armada por uma garotinha maliciosa e mimada.

Hepburn e McLaine, interpretações precisas em grandes momentos

Um colégio de garotas. Duas professoras são as donas, duas jovens e belas, na flor da idade. Uma é loira (McLaine, sempre mudando de feição a cada filme) e tem uma vida aparentemente ascética, não tem namorado e vive para a instituição. Karen, a morena (Hepburn, em uma atuação bastante contida pelo diretor) tem um namorado que é interpretado por James Garner. No momento em que uma das meninas começa a bisbilhotar coisas que não interessam a ela, começa a juntar A com B, fazer relações confusas ou não em sua cabeça e finalmente a armar intrigas com as coleguinhas da escola, a perceber que ela praticamente manipula os pensamentos da poderosa avó (que mora numa mansão e parece ser uma das líderes daquela comunidade) a coisa pega fogo. A menina supõe que ações inapropriadas das duas professoras ou, como é dito no filme, "unnatural", possam ser motivo de chantagem barata. O que era suposição pode muito bem ter um fundo de verdade, ou melhor ainda, "onde há fumaça, há fogo".

Wyler expõe uma América montada num detonador

O filme, que é rodado magistralmente em preto-e-branco, utiliza esse artifício para contar os pretos-nos-brancos dessas vidas. Muita surpresa ainda vai acontecer depois que a menininha despeja o terremoto na vida de suas professoras. As conseqüências não serão fáceis. O bom é que Wyler abusa dos closes, aproveita suas atrizes ao máximo, extrai delas interpretações em que quase não precisa usar o corte de um plano a outro.



Sua encenação contida exibe por inteiro e faz cair a máscara de uma América com uma hipocrisia latente e visceral, irresponsável a pontos de não medir as ações, e tropeçar em si mesma. A música é de Alex North, também contida, vai no ponto, some por instantes. O roteiro de "THE CHILDREN'S HOUR" vem da peça de Lilian Hellmann, cuja adaptação ela mesma tratou de fazer para o elenco de Wyler. Grande escritora, grande diretor, belas interpretações.

(Ruy Jobim Neto)

oOo

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