terça-feira, 31 de março de 2009

"Domingos", documentário de Maria Ribeiro

A atriz-documentarista Maria Ribeiro e Domingos de Oliveira

Maria Ribeiro é belíssima, é pequenina e estava toda de amarelo. Ela fica menor ainda perto do altíssimo diretor do Festival “Tudo é Verdade”, Amir Labaki. Era a primeira noite paulista de exibição do longa-metragem “Domingos”, um delicioso documentário de 72 minutos sobre a vida e a obra do diretor Domingos de Oliveira, criador de “Juventude”, “Feminices”, “Amores”, “Separações” e outros filmes.
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O saguão do CineSesc, nesta noite de segunda-feira, 30/03, estava tomado e reunia pessoas como o diretor da Mostra Internacional de Cinema, Leon Cakoff, e o cartunista Jozz. Mas a noite era mesmo de Maria Ribeiro e do seu homenageado, Domingos de Oliveira. Ambos vieram com Priscilla Rozenbaum, do Rio, e Domingos engatou a leitura de um e-mail em que elogia a documentarista em seu primeiro (e bem sucedido) filme. A platéia ovacionou, no final da projeção, aplaudiu por um bom tempo.
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No filme, Domingos fala das mulheres que amou, da filha, dos filmes e da fantasia do teatro. Leva a platéia a deliciosas risadas com suas frases feitas, seus conceitos sobre a morte, Deus, a vida. Leila Diniz, mulher que ele (e o Brasil inteiro) amou, trechos de filmes, os cinco casamentos (o atual, com a atriz Priscilla Rozenbaum, com quem está casado há 25 anos e que ganhou o Kikito de Melhor Atriz no Festival de Gramado pelo filme “Carreiras”, dirigida por Domingos), tudo é rememorado, relativizado, comemorado pelo diretor e roteirista de episódios de “Caso Especial”, da TV Globo nos anos 70 - como “Somos Todos do Jardim da Infância”, título de uma de suas peças teatrais.
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Ele é tido, erroneamente, como “o Woody Allen brasileiro”, e fala dos cineastas do Cinema Novo, que achavam seu cinema totalmente alienado. Domingos cita suas influências – Jean-Luc Godard (pela liberdade do corte, da câmera, do roteiro, de não filmar planos de cobertura) e François Truffaut (pelo uso de música clássica em cenas cotidianas).



Na tela, estão desde Paulo José (ator de “Todas as Mulheres do Mundo”), a filha Maria Mariana (a autora, com Patricia Perrone, do livro “Confissões de Adolescente” que Domingos adaptou para o teatro e depois virou série televisiva), imagens de Leila Diniz e Joana Fomm e Isabel Ribeiro nos filmes, festas de aniversários, a neta, Priscila e amigos (entre eles, além de Fernanda Torres e Pedro Cardoso, está o escritor João Ubaldo Ribeiro - com quem Domingos divide um divertido "What a Wonderful World", os dois imitando Louis Armstrong), com direito a canjas de Letícia Sabatella e Carolina Dieckmann, cantando afinadinhas ao microfone, cada uma em seu momento. Belo filme, tomara que percorra o circuito comercial. Muita música boa, de Gershwin a Irving Berlin, belas cenas, com olhar intimista e atento. "Domingos" resulta, assim, numa película feita com extremo cuidado, carinho, alguma predisposição para o improviso (um dos dois diretores de fotografia é Lula Carvalho) e muito amor pelo biografado, um inveterado amante da vida. Maria Ribeiro está de parabéns. Aplausos pra ela!

Ruy Jobim Neto

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